Para começar um negócio é preciso de um investimento, um “pontapé” inicial para tirar os sonhos do papel e colocar em prática o que foi pensado para a sua empresa se tornar um sucesso.
Porém, e infelizmente, começar uma empresa do zero com um recurso próprio é algo distante da realidade de muitos. Por isso, alguns empreendedores buscam o apoio de familiares, instituições financeiras e investidores-anjo.
Se este último termo é novo para você, não se preocupe: neste artigo te explicamos o que você precisa saber sobre um investidor-anjo!
Investidor-Anjo: o que é?
Segundo a Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos e referência em investimento-anjo no Brasil, um investimento-anjo é o investimento efetuado por profissionais experientes com o capital próprio em empresas emergentes com alto potencial de crescimento, como startups, por exemplo.
Os investidores-anjo auxiliam com conhecimentos, experiências e networking, tendo também uma participação minoritária no negócio, como um mentador ou conselheiro.
Em 2021, o volume de investimento-anjo em startups cresceu em 17% em relação ao ano anterior, segundo uma pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, sendo atualmente 7.834 investidores-anjo no Brasil.
Conheça alguns investidores-anjo:
Ainda segundo a pesquisa feita pela Anjos do Brasil, podemos pensar nesses empresários com base nos dados coletados:
- 93% dos investidores-anjo se identificam como do gênero masculino;
- Por ano, o valor médio investido é de R$129 mil;
- Os modelos de negócios B2B são os que têm mais investimento;
- 80,82% dos investidores realizam seus investimentos por meio de redes de investidores-anjo.
No Brasil, a lista dos maiores investidores é composta por diversos nomes, entre eles:
- Romero Rodrigues: fundador do site Buscapé;
- Julio Vasconcellos: co-fundador do Peixe Urbano;
- Eduardo Brennand: investidor de empresas como a Creditas, Gympass, Quinto Andar;
- Brian Requarth: fundador da VivaReal;
- Rodrigo Dantas: fundador da fintech Vindi;
- Camila Farani: presidente da G2 Capital, boutique de investimento em startups.
Como funciona um investimento-anjo?
O investidor-anjo funciona, basicamente, de duas formas:
- Aportando dinheiro em um negócio para ajudá-lo a crescer mais rápido, sendo um investimento financeiro;
- Investindo conhecimento, ao mentorar e aconselhar o empreendedor em questão.
Assim, um investimento-anjo funciona como as demais modalidades de investimento: o investidor aplicar o seu dinheiro esperando um retorno financeiro no futuro. Por esta razão, o investimento-anjo não é uma atividade filantrópica.
E por investimento ser por si só uma atividade de risco, segundo a Anjos do Brasil, o investimento-anjo em um negócio é feito, geralmente, por um grupo de 5 a 30 investidores, sendo o risco para cada um menor.
Em média, o investimento total por empresa varia entre R$200 mil e R$1 milhão — podendo chegar até R$1,5 milhão, em alguns casos.
Mas existe alguma lei sobre o Investidor-Anjo?
Sim! Existem leis que legitimam e asseguram os direitos do investidor, e, é claro, da empresa que receberá o apoio financeiro.
A Lei Complementar 155/2016 define o perfil do investidor-anjo, assegurando que uma pessoa Jurídica ou Física poderá investir em uma microempresa, ou empresa de pequeno porte, dando apoio capital para que o negócio se desenvolva.
Outra exigência importante, contida na lei 155/16, é a de que a vigência do contrato de participação não deverá ser superior a 7 anos.
Um dispositivo importante acrescentado à Lei Complementar 123/2006 diz que:
“Art. 61-A. Para incentivar as atividades de inovação e os investimentos produtivos, a sociedade enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos desta Lei Complementar, poderá admitir o aporte de capital, que não integrará o capital social da empresa.
[…]
§ 5º Para fins de enquadramento da sociedade como microempresa ou empresa de pequeno porte, os valores de capital aportado não são considerados receitas da sociedade.”
Em 2017, a Lei Complementar trouxe uma atualização que garante à empresa que o investidor-anjo não se torne sócio dela. O que assegura também para o investidor que, por meio do investimento, ele não tenha responsabilidade legal pela empresa investida.
Como encontrar um Investidor-Anjo?
Antes de procurar um investidor-anjo, é necessário estudar e analisar a realidade do seu negócio e os requisitos básicos do seu futuro investidor:
O investidor-anjo é um empresário, empreendedor ou executivo que já trilhou uma carreira de sucesso, acumulando recursos suficientes para alocar uma parte (em geral entre 5% a 10% do seu patrimônio) para investir em novas empresas, bem como aplicar sua experiência apoiando a empresa. Diferentemente que muitos imaginam, o Investidor Anjo normalmente não é detentor de grandes fortunas.
Geralmente, você pode conseguir esse apoio de duas formas: via grupos ou decidindo por um profissional específico.
Enquanto o contato direto a alguém te permite optar por alguém que tenha conhecimentos coerentes com o seu empreendimento, os grupos costumam ser mais acessíveis e reúnem saberes de pessoas diferentes.
De qualquer forma, vale a pena analisar antes de fazer contato verificando se as pessoas envolvidas possuem a vivência necessária para avaliar o seu mercado de atuação e tipo de negócio.
Após a análise, busque se aproximar por meio de sites oficiais e pela busca de perfis e grupos profissionais relevantes no Linkedin, WhatsApp e Facebook. Vá também além do online: a participação em eventos ou rodas de conversa são momentos importantes que contam com a participação de investidores-anjo.
Já tendo em mente quem será o seu investidor-anjo ou as pessoas que compõem o grupo de investimento, monte uma pequena apresentação sobre a sua empresa e apresente-se sem medo de tirar dúvidas e de receber os feedbacks.
O que um Investidor-Anjo procura em um negócio?
Não duvidamos que o seu projeto deve ser incrível, entretanto, é sempre bom saber antes o que a maioria dos investidores-anjo procuram tanto para alinhar expectativas quanto para fazer ajustes na ideia do seu futuro empreendimento.
Por buscarem negócios voltados à inovação, eles podem investir em qualquer segmento e tipo de companhia, se forem escaláveis e comprovem o seu potencial de crescimento.
Como já dito, por terem algumas dessas características, startups são as mais investidas, e por isso, empresas de prestação de serviços, consideradas tradicionais e locais, não recebem esse tipo de aporte financeiro.
Claro que o seu perfil, o perfil do empreendedor, conta muito na hora da apresentação. Para descobrir como conseguir um investidor-anjo, é preciso ter em mente que as características mais procuradas são:
- Conhecimento amplo de mercado;
- Dedicação e envolvimento com o negócio;
- Proatividade;
- Persistência.
Conclusão
De forma geral, o cenário é favorável para os investidores-anjo e para os empreendedores que podem se beneficiar desta prática no Brasil.
Lembre-se: este pode ser o passo que faltava para a startup decolar e para receber orientações de quem já tem mais experiência no segmento. Tudo isso sem abdicar do comando da empresa e correndo poucos riscos.
Basta estar aberto ao diálogo e compreender o processo pelo qual a startup deve passar a partir do momento que recebe aportes dos investidores-anjo.
Se você possui mais dúvidas, queira trocar uma ideia ou tenha dores em finanças e contabilidade, não deixe de entrar em contato conosco! #VamosJuntos